Escorpiano da Lua

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Resoluções 2005

Eu deveria fazer a tão famosa listinha de resoluções de ano novo agora e tentar seguir à risca minhas decisões tão cuidadosamente elaboradas. Mas, nossa!, é tão difícil isso. Não é por falta de vontade e perseverança, eu juro. Da lista do ano passado, de 10 pequenos itens, consegui realizar seis e meio, sendo que foram cinco itens completos e a metade de três, de modo que consegui pontuação seis e meio, não?

E aí depende de cada um estabelecer sua nota de corte. Alguns mais otimistas poderiam dizer que eu passei de ano, visto que seis e meio é uma nota aceitável. Outros, adotando uma postura mais cética, diriam que fiquei de recuperação e que deveria tentar alcançar a nota sete. Os mais exigentes, então, diriam que eu fui um perfeito panaca em não ter conseguido realizar míseras 10 resoluções.

Mas eu, sinceramente, não vou atribuir pesos e medidas para esse ano que passou. Prefiro virar a página no livros dos anos, limpar a neve que restou nas bordas e começar a escrever outros capítulos. E dessa vez, não farei mais resoluções. É isso, ponto, parágrafo, travessão.

Vou correr atrás dos meus sonhos da melhor forma possível. Vou deixar acontecer. Vou sorrir. Vou amar e chorar em medidas iguais. Farei desse ano vem chegando o melhor ano de minha vida até agora. Só será tão bom quanto o ano que vem, que espero que não seja tão bom quanto o próximo, e assim sussessivamente.

Não é assim que tem que ser, Lua?

E quero deixar meu abraço carinhoso a todos vocês que tem a paciência de ler o que esse escritor mulambo tenta oferecer em doses homeopáticas e mal formuladas. Que o ano de 2005 seja cheio de amor-bom. É o que desejo hoje e o que desejarei sempre a todos.

Para Letícia Hel, moça talentosa e sempre de bom humor. Para Denise, a menina-borboleta que me acompanhou em tantas madrugadas. Para Felicity, amiga ao mesmo tempo nova e das antigas. Para Mariana, que não sei se existe, mas traduz como ninguém o coração. Para Gabi, menina-boba e divertida, que ama e desama intensamente. Para Nefertari, mulher-deusa que escreve pela mão dos anjos. Para Carmim, moça que desaparece constantemente, mas está sempre presente. Para Karen, e seu carinho que vem de tão longe. Para C. e sua elouquência perfeita. Para Cicilia, que hoje verte lágrimas de sua alma, mas que em breve vai reaprender a sorrir.Para Elaine e Olívia, a menina-flor, e seus escritos que tanta falta me fizeram (ei, eu não conseguia entrar no seu blog!). Para Míriam, que navega pelos corações dos apaixonados. Para a escorpiana Carla e sua espetacular tangência da vida. Para Andressa e suas epifânias mágicas. Para My Girl e seu sorriso que insiste em combater a vida. Para Lya e seu ciúmes do marido. Para Lú, menina sempre atenta ao que as estrelas tem a dizer. Para Alex, e suas promessas quebradas (volta, rapaz!). Para Li e suas poucas palavras que se transformam em diamantes. Para Kris, que vai exorcizar demônios e seguir seu caminho. Para Decca, que tão bem rabisca seus talentos e emoções. Para Ju, que mora lá na Rua Ramalhete, com suas flores e borboletas. Para Ariana, amiga sincera, que anda mais sumida que o necessário. Para Manu Abintes, viciada em ovomaltine, e sua alegria de viver. Para Trumam e seu amor incondicional. Para Luana Vega, menina em êxtase constante, entre um trago e outro. Para Monka e seu vício de viver, e viver feliz.

Também para Sandra, Eva, Greice, Dna. ML. Para a mente perturbada de Tom, para Pandora e sua caixa, para Taurina... e para todos que eu esqueci de colocar aqui, porque eu sou esquecido, desorganizado e relapso com meus amigos.

Para Luanas e Renatas, Rogérios e Brunos, muita coragem para amar e ser feliz.

E especialmente, muito especialmente para você, Emanuela, que com calma e amor acendeu esse sorriso bobo no meu rosto. Para teus olhos tão lindos, para teu coração tão puro, para tua alegria tão inocente.

Pelo meu amor tão novo, e tão sincero, por você.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Flores na calçada

Um dia me contaram que existia um homem sem esperanças. Vivia como Deus queria, jogado nas ruas durante anos, sendo alimentado com restos de caridade e por pessoas que achavam que bastava um prato com restos de comida fria para alimentar aquele homem, numa hipocrisia velada para acalmar com urgência essa culpa que todos nós carregamos. Te dou comida, Deus me dá perdão, e está tudo certo.

O homem não falava, não incomodava ninguém com palavras. Ele era ninguém pra se lembrar, ninguém para se importar. Do seu rosto quase sem expressão não brotavam sorrisos, mas uma espécie de amargura mesclada com a indiferença daqueles que já não acreditam na vida. Seu corpo sujo e cansado descansava sobre um fino colchonete que já viveu dias melhores, e nos dias de chuva não tinha, e nem queria ter, um lugar quente para se abrigar.

Dizem que um dia passou pelo homem uma menininha, e do alto de sua inocência ela olhou para aquele homem sofrido e empertigado. Não haviam lhe ensinado ainda que deveria se afastar daquele homem, e por isso ela lhe ofereceu tudo o que tinha nas mãos: uma flor. O homem pensou em recusar ou até mesmo ignorar aquele pequeno ser que balançava aquela flor diante dos seus olhos, mas diante de tanta insistência ele finalmente aceitou, tomando cuidado para não encostar seus dedos naquele anjo, como se isso pudesse quebrar algum tipo de encantamento.

Quando o sol nasceu novamente, as pessoas voltaram a passar pelo local onde o homem costumava ficar, mas ele nunca mais foi visto. A maioria sequer notou sua ausência e só algumas viram uma flor desenhada na calçada. Mas uma garotinha ingênua entendeu que muitas vezes basta apenas um simples sorriso para fazer alguém continuar a viver.

Por você, minha menina. Que me sorriu quando eu mais precisava...

terça-feira, dezembro 21, 2004

Serenidade da Lua

O Sol estava magnífico, radiante, seus raios tocavam sua pele deixando-o com tons dourados, as nuvens brincavam ao vento inventando formas de pura maciez, me deparava com o silêncio, ouvia pássaros em uma melodia cordial e singela, meus pés pareciam não tocar o solo de tal leveza e harmonia. Meus olhos admiravam a natureza, quando encontraram os seus, minha admiração pareceu tão fútil.

As rosas se curvaram, o vento tornou-se calmo, as nuvens se uniram e apenas o sol continuou a te iluminar. Presença dispensável pois você me ofuscava com seu brilho, como se algo pousasse diante de mim.

Não resisti, me aproximei, beijei seu rosto, senti sua pele em minha boca, meu corpo estremeceu-se, meus lábios pediram os seus. Seus olhos me chamaram e eu os atendi, e num movimento o qual eu parecia flutuar, beijei você, senti o gosto do mel, senti sua língua em minha boca como labaredas ardentes, meu corpo aquecia-se, estava fora de mim.

Deitamos numa vegetação macia e nos abraçamos, você estava lindo, enquanto repousava meu corpo sob o seu, nossas roupas já não eram necessárias, nossa pele em contato produziam um efeito explosivo.

Senti que éramos um só, seu rosto me demonstrou um prazer inexplicável, seus lábios presos entre os dentes, seu gemido, suas mãos me acariciando, me chamando para mais perto, o prazer se tornava intenso, à beira da insanidade, movimentos frenéticos, contínuos, minha pele parecia em chamas, e quando finalmente liberamos nossos fluídos de prazer, parecíamos totalmente realizados, tínhamos nascido novamente, uma sensação única.

Deitou-se de costas e repousei minha cabeça em seu peito, estávamos felizes, você de olhos fechados, pensava em tudo que havia acontecido.

Na esperança de sentir tudo novamente, com sede de prazer novo e maravilhoso, recomeçamos a nos amar.

E feliz por este dia retornar, afortunar-me novamente, conseguirei ter o imenso prazer de ter você ao meu lado. Faço preces aos deuses para que deste doce sonho eu possa desfrutar novamente.

Serei capaz de viajar os cantos do mundo para encontrar o mais belo palácio, e nele com o fogo de Hefesto ardendo em mim..

Deste palácio farei a nossa morada, onde nem mesmo Hades nos separará, e com o laço eterno de Hera, permaneceremos juntos por toda a eternidade, ouvindo a harmonia angelical do amor, tal qual o coro dos anjos do Olimpo cantam a Zeus.
Amo Você..

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Egoísmo

E ontem finalmente eu consegui chorar, mas não um choro de tristeza ou desespero. Foi um choro de libertação, com as lágrimas rolando devagar enquanto meus olhos vagavam por esse e outros mundos.

Chorei pelas mentiras que me disseram pra me deixar feliz, e agradeci por isso. Chorei também pelas omissões de fatos que poderiam ter destruído meus sonhos. E depois chorei mais ainda por perceber que eu teria preferido a verdade cortante como uma faca das das mais afiadas do que essa dor inconstante no meu peito.

Chorei por entes queridos que não estão mais aqui, pensando se que eu deveria ter me dedicado mais a eles, abraçado mais, beijado mais e deixado claro o quanto eu os amava. Mas o tempo é inexorável e a morte chega para cumprir o seu papel, sem pedir licença, sem bater na porta. Ela chega e leva quem você ama, junto com um pedaço de você e de sua história.

Chorei por meus amores passados e presentes, imaginando como será o futuro. Chorei pela saudade que dói e pelo amor que conforta. Pelos olhares carinhosos e compreensivos, contrastando com o desejo latente e urgente.

Pensei em chorar pelo mundo e suas maldades. Pensei em chorar pela falta de esperança das crianças e o esquecimento dos idosos. Pelas guerras e pela intolerância. Pela fome, pela sede, pelo ódio irracional do ser humano racional. Mas não chorei, porque meu choro hoje era meu e só meu, porque eu precisava disso.

E então chorei pelo meu egoísmo. O mundo lá fora já chorava por ele mesmo, lançando suas lágrimas contra a janela de vidro. O mundo não precisava de mim hoje, mas eu sim. Eu precisava dessa minha dor sem censuras. Eu precisava de mim.

E de você.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Underwater love

As lágrimas que estavam presas
preferiram rolar às pressas
e se transformaram numa prece

After the rain comes sun
After the sun comes rain again
After the rain comes sun
After the sun comes rain again


Quando a vida continua
minha boca encosta na tua
e o mundo desaparece

Você vem, você vai
Você vem e cai
E vem aqui pra cá
Porque eu quero te beijar na sua boca
Que coisa louca
Vem aqui pra cá
Porque eu quero te beijar na sua boca
Ai que boca gostosa...

ah essa boca, essa boca...

(smoke city - underwater love)

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Thesaurus

Maldade, ódio, inveja, vergonha, agonia, repulsa, ressentimento, angústia, horror, ira, desilusão, remorso, decepção, pavor, pouco-caso, aversão, sofrimento, aborrecimento, irritação, angústia, antipatia, implicância, intolerância, medo, raiva, desprezo, dor, desgosto, tédio, nervosismo, rejeição, melancolia, menosprezo, insatisfação, sofrimento, lágrimas...

Vendo assim, a vida não parece valer muito a pena. Mas quando alguém te olha com carinho, te beija com vontade e sinceridade, e você sente o amor fluindo entre suas almas, os sorrisos aparecem de forma fácil. Então o mundo passa a ser formado apenas de:

Admiração, ternura, amizade, prazer, amor, amor-bom, gratidão, compaixão, felicidade, fraternidade, afeto, êxtase, piedade, misericórdia, paixão, entusiasmo, excitamento, esperança, afeição, encanto, magia...

E tudo isso vem junto com o teu cheiro...

terça-feira, dezembro 14, 2004

Tempestade

Trechos de uma carta de amor entre a Tempestade e a Tormenta...

"Meu coração, ainda que ancioso, estará sempre te acompanhando quando a distância for maior que o espaço, e essas palavras de uma certa forma demonstram um pouco do que eu sinto.

Não seria certo descrever tudo isto como amor maduro? Não é menor em intensidade, apenas quase silencioso. Não é menor em extensão, é mas definido. Não carece de demonstrações , apenas vive-se a verdade de sentimentos. Não precisa de presenças exigidas. Não disputa, não cobra, pouco pergunta, menos quer saber. Teme sim, porém não faz do temor seu argumento.

Basta-se com a própria existência. Ele não pede, tem. Não reivindica, consegue. Não persegue, recebe. Não exige, dá. Não pergunta, adivinha. Existe, para fazer feliz..."

Então deixa chover...

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Um recomeço

A vida se transmuta, se transforma, e retorna ao ponto de partida. Deve ser esse tal de Tao, não sei direito. Um belo dia estamos amando e no outro, amamos ainda mais. Num dia nem tão belo assim, choramos, e no outro, choramos ainda mais.

O sol insiste em nascer todos os dias trazendo uma brisa suave, e não importa se você se preocupa em viver ou não, essa magia renasce todos os dias. E morre. E renasce. E morre e renasce, e sempre será assim, quer você queira, quer não.

Este escritor barato e de poucos versos também precisava renascer. Mas não apenas pelas palavras, que são somente instrumentos mundanos que tentam em vão expressar sentimentos. Eu precisava renascer e trazer comigo essa brisa e um sorriso fácil.

E a Lua, de certa forma, renasceu comigo, trazendo esse belo trecho de Clarice. Como eu poderia estrear esse blog se não fosse pelas mãos dela?

— Lóri, disse Ulisses, e de repente pareceu grave embora falasse tranqüilo, Lóri: uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que insisti e continuo acreditando. E desde logo desejando você, esse teu corpo irretocável e indiscutível, o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.

(Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres - Clarice Lispector. Levemente modificado)