Escorpiano da Lua

quarta-feira, abril 27, 2005

Traduza-me

Na cnouãsfo
que esixte dtnero de mim
vcoê aracepeu
e eu vletoi a sroirr

Vcoê é mnhia mias prfetiea taçurãdo.

quinta-feira, abril 14, 2005

Le livre est sur la table...

Que vous le vouliez ou pas
ton sourire me fait heureux

C'est un ne sais pas quoi
qu'émane de toi
et s'infiltre dans mon âme

Odeurs connues
saveurs imaginaires
et encore je vois
des papillons sur ton regard...

(... Escorpiano, presque un quebecois...)

sexta-feira, abril 08, 2005

Times like this

Um calor africano nessa terra de injustiças.
Até o vento, veja você, parrou de soprar
e foi descançar debaixo de alguma árvore

Preocupações e água-de-côco
cigarros e incensos
dans cet automne printanier

So, play it, Jack...

In times like these
in times like those
what will be will be
and so it goes
and it always goes on and on
and on and on it goes

And theres always been laughing, crying, birth, and dying
boys and girls with hearts that take and give and break
and heal and grow and recreate and raise and nurture
but then hurt from time to times like these
and times like those
what will be will be
and so it goes

And there will always be stop and go and fast and slow
action, reaction, sticks and stones and broken bones
those for peace and those for war
and god bless these ones not those ones
but these ones made times like these
and times like those
what will be will be
and so it goes
and it always goes on and on
and on and on it goes

But somehow I know it wont be the same
somehow I know it'll never be the same
(*)

E ele vai derretendo atrás desse monitor que é o espelho perfeito de sua realidade.

(*) Times like this - Jack Johnson

quinta-feira, abril 07, 2005

Morro da Urca

Ele ainda se lembrava do telefonema que selaria o destino inconcebível dos dois. Palavras sussurradas no teu sotaque sussurrado e promessas envoltas em uma bolha surreal de proteção contra castigos divinos. Seria imutável, atravessaria oceanos e fronteiras. Era como ver o mar de uma janela preguiçosa que emolduraria palmeiras do pacífico. Seria o amor-bom eterno ou sofreria mudanças repentinas?

Mas no segredo não revelado ele encontrou a verdade. Sim, sabia, era claro que sabia, e seu íntimo se encheu de alegria por saber que o amor-maior estava por vir. "Sonhos são sagrados", repetia para si mesmo, enquanto os dias passavam mais lentos do que de costume. Alimentava o fogo do amor-bom com gravetos frágeis que colhia de momentos já passados mas nunca vividos. Mantinha viva não a esperança do amor-possível-impossível, mas ao menos do amor-amizade, ou qualquer outro nome composto que batizasse aquele sentimento que não iria morrer nunca. Que fosse na velhice, como diziam.

Balançando entre a aceitação do inevitável e a busca de seus sonhos, ele cantarolava dentro de si, perguntando se ela tinha bons pensamentos para ele. A resposta veio em forma de purpurina mágica, com aquela sensação fresca que se tem do vento batendo no rosto de cima do Morro da Urca. Porque para amar é preciso coragem, e hoje somos todos covardes. Nada seria como dantes nesse nosso quartel inventado. E depois da explosão daquela estrela, o vácuo. Náufrago no seu sentimento, jogou cartas ao mar. Pixou sensações em muros escondidos. Viveu nas sombras da memória.

Ce matin la. Um novo dia estava amanhecendo no coração dela e ele sabia. Um pequeno sol, daqueles que sorriem por motivo algum, iria dissipar as brumas que pareciam eternas, derreteria a neve acumulada no longo inverno.

Mas ele, ele precisava voltar a sorrir aquele sorriso fácil, daqueles dados sem que se note, antes que o próximo outono chegasse. E então caminhou e foi atrás dos seus sonhos, sempre tão escondidos, sempre tão esquecidos...

quarta-feira, abril 06, 2005

Um ano de solidão

Ele estava numa fase em sua vida que necessitava de aferições seguras. Ou ao menos aproximadas, visto que nunca foi muito dado a preciosismos inúteis. Olhou para trás e avaliou o que já tinha feito, na mesma medida em que olhou para os dias que ainda viriam.

Estabeleceu planos e metas que não sabia se iria cumprir. Pensou se deveria plantar uma árvore, ter filhos e escrever um livro, mas desde já achou a lida com a terra muito complicada para alguém acostumado com tempos modernos. Ademais, filhos são consequências naturais (ou não) e de livros lhe bastava um blog amassado.

Achou por bem, então, plantar sementes de amor-bom. É certo comeria de seus frutos algum dia, descansando sob essa árvore frondosa e cheia de flores que com certeza ela seria. Mas viu o outono chegar rápido demais e as rajadas de vento espalharam as folhas pelo caminho.

Redemoinhos de planos eternos se formaram nos céus sempre nublados e por trás da vidraça embaçada ele viu as pequenas formigas da omissão e das inverdades. Tentou tapar luz da Lua com uma peneira de imprecisões e viu seu corpo sendo retalhado em pequenos quadrados de esperança enquanto a brisa soprava suas ilusões para longe.

Fechou os olhos e prendeu a respiração. Cerrou os punhos como quem espera um milagre ou um sorriso, o que viesse primeiro. Escutou a pesada porta do seu múltiplo coração se fechando com um rangido triste e distante, mas não se preocupou com isso. Seria a vitória da covardia invencível sobre o amor sem limites.

Cobriu-se com um cobertor de lágrimas e dormiu abraçado em si mesmo. Sonhou com múltiplas Luas que bailavam sobre ele como borboletas amarelas iluminando seu sono agitado, e acordou com a chuva batendo forte na janela novamente. Eterna Storm.

Perguntou-se se poderia fazer planos para sempre e não soube mais responder o que ontem era tão palpável. O hoje chegou mas ele sabe que o amanhã também virá. Sorriu tentando encontrar seus motivos e caminhos, mas se perdeu ainda dentro da imaginação tortuosa, sentindo no ar o aroma de fadas.

Fruto, talvez, não de cem, mas de um ano de solidão.

(agradeço a GGM pela inspiração)