Escorpiano da Lua

sexta-feira, maio 27, 2005

Momentos - Indecisão

Parada diante daquela porta ela esperava algum tipo de intervenção divina (ou nem tanto) para tomar uma decisão. Se o cachorro latisse, iria embora. Se algum carro vermelho passasse novamente, entraria. Mas ao contrário de ocorrências caninas ou automobilísticas, tudo o que via e sentia era aquela chave (que conhecia tão bem!) em suas mãos. Brincou com ela um instante sentindo seu relevo, como se tentasse decifrar algum código secreto em suas reentrâncias. Era só uma porta, mas separava dois mundos.

Decidiu testar a chave. Por um lado seu coração suplicava para que ela sequer entrasse naquela fechadura, não por covardia, mas porque a decisão não seria sua. Atribuiria suas desilusões às manipulações desacertadas do destino cruel, mas se conformaria com um sorriso triste. Porém outra parte de si ansiava por sentir o doce deslizar da chave para dentro da fechadura, produzindo sensações surreais e de uma sexualidade explícita; queria sentir seus dedos girando suavemente aquele pedaço de metal, da mesma forma que fizera em noites de solidão com suas mãos deslizando por entre suas pernas macias.

Suas lágrimas escorreram no mesmo momento em que descansou sua testa contra a porta, sentindo uma ponta de solidão quando seus cabelos formaram uma cortina que a isolou do mundo. Estava só com suas decisões não tomadas. A chave, aquela maldita, ainda servia ao seu propósito original. Acariciou e arranhou de leve a folha da porta, sentindo pontadas de um amor gelado subirem pelo seu peito. Ela chorava não pelas decisões erradas em sua vida, mas pela incapacidade de saber o que seria melhor para si. Quando conseguiu tomar sua decisão, sentiu que seu corpo e sua alma eram folhas secas rodopiando no vendaval interior da sua existência. Exatamente quando um cachorro latiu enquanto aquele carro vermelho cruzava a rua.

quinta-feira, maio 12, 2005

Correntes, correntes...

Tá, Gabi, tá... eu coloco a corrente aqui no meu site...

Só me resta pedir para que mais 3 pessoas que passarem por aqui levem a corrente para seus respectivos blogs, porque se isso não acontecer é possível que bestas apocalípticas sobrevoem os céus dessa poluída cidade atrás de minha alma esburacada.

Vejamos:

- Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

Algum do Roy Stuart, publicado pela Taschen. A capa do Volume III me bastaria.

- Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?

Sinceramente, não lembro. ("apanhadinho" é ótimo, não?)

- Qual foi o último livro que compraste?

Les Carnets du Major Thompson, de Pierre Daninos (pra treinar o francês)

- Qual o último livro que leste?

Lolita, de Vladimir Nabokov

- Que livros estás a ler?

Les Carnets, du Major Thompson...

- Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?

. Como sobreviver sem internet em uma ilha deserta - Deve existir algum assim...
. Cem anos de Solidão - Gabriel Garcia Marquez
. Rebelião de Lúcifer - J.J. Benítez
. Trainspotting - Não lembro
. Mais algum de Drummond... Não me ocorrem nomes agora...

E agora mergulharei novamente no meu silêncio habitual, aguardando "momentos".