Escorpiano da Lua

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Um recomeço

A vida se transmuta, se transforma, e retorna ao ponto de partida. Deve ser esse tal de Tao, não sei direito. Um belo dia estamos amando e no outro, amamos ainda mais. Num dia nem tão belo assim, choramos, e no outro, choramos ainda mais.

O sol insiste em nascer todos os dias trazendo uma brisa suave, e não importa se você se preocupa em viver ou não, essa magia renasce todos os dias. E morre. E renasce. E morre e renasce, e sempre será assim, quer você queira, quer não.

Este escritor barato e de poucos versos também precisava renascer. Mas não apenas pelas palavras, que são somente instrumentos mundanos que tentam em vão expressar sentimentos. Eu precisava renascer e trazer comigo essa brisa e um sorriso fácil.

E a Lua, de certa forma, renasceu comigo, trazendo esse belo trecho de Clarice. Como eu poderia estrear esse blog se não fosse pelas mãos dela?

— Lóri, disse Ulisses, e de repente pareceu grave embora falasse tranqüilo, Lóri: uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que insisti e continuo acreditando. E desde logo desejando você, esse teu corpo irretocável e indiscutível, o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.

(Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres - Clarice Lispector. Levemente modificado)

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